sábado, 14 de abril de 2012

Pequim, a cidade dos Imperadores

China.
Pequim.

Estive em Pequim em 2003 e 2011, e num país constantemente a crescer com valores perto dos 10%, a diferença encontrada neste hiato era expectável mas de qualquer forma excedeu as minhas expectativas.

Em 2003, Pequim era um mar de bicicletas em que parar num semáforo, poderia implicar uma queda em efeito dominó de vários metros. Hoje as bicicletas deram lugar a transportes mais modernos e poluentes como motorizadas e carros, o que se ressente no trânsito e na qualidade do ar. Desta vez, em 10 dias marcados pelo smog, só no penúltimo dia se vislumbrou um bocadinho de sol.

Há mais hotéis, há mais catedrais de consumo e a presença das lojas de luxo, atesta o crescente poder de compra dos Chineses. Por outro lado, os mercados de artigos falsos mantêm-se com a mesma legalidade e descontração que em 2003. Aliás o maior mercado (Silk Market) deste género em Pequim, era ao ar livre, hoje em dia é coberto para dar mais comodidade aos muitos clientes estrangeiros que já recebe. As lojas deste mercado são verdadeiras caixas de Pandora, que se abrem em salas secretas contíguas com ainda mais opções de escolha, e se mesmo assim o cliente não encontra o que procura, o lojista recorre à sua network de lojas dos primos e vizinhos para satisfazer o cliente. Neste país, o cliente é rei! Neste mercado, tanto se faz um fato por 100€ como se compra os Nike da moda por 10€, a qualidade é duvidosa mas compensa os baixos preços regateados ao cêntimo (por pessoas como eu * ah ah ah* evil laugh).      

Por outro lado, pensei que o nível de Inglês em geral estivesse melhor, pelo crescimento e pelo facto de terem tido um evento como os Jogos Olímpicos, mas não está! Mais uma vez, fui expulsa de táxis por não perceberem para onde queria ir. E o meu nível de Chinês básico ainda me safou nalguns casos (nem que seja para os fazer rir e assim descontraírem). O cuspir para o chão continua a ser um ritual e as massagens continuam a ser boas e baratas como se querem! A China é moderna por fora mas por dentro é ainda muito tradicional, para o bem ou para o mal. 

À saída do Mausoléu do Mao, na Praça Tiananmen. As filas para entrar costumam dar a volta ao edifício e todos os bens têm que ser previamente colocados num cacifo, em especial as máquinas fotográficas. A maioria dos visitantes é composto por famílias rurais e por estrangeiros. Na entrada vendem-se flores de plástico que são religiosamente depositadas, pelos Chineses, na estátua de Mao. Eu quase que aposto que essas flores são revendidas várias vezes ao dia...Passada a entrada, no meio da sala seguinte encontra-se o corpo de Mao, as filas de visitantes ladeiam a câmara de vidro onde se encontra o corpo todo coberto, só com a cabeça descoberta sob um foco laranja fortíssimo. Honestamente, dado o passo acelerado da visita e a distância para o corpo não se vê grande coisa...pode ser quem quiserem ou até mesmo uma estátua de cera.
À saída, há todo um mundo de merchandise do Mao a vender, t-shirts, relógios, posters, you name it! Se o negócio das flores e do merchandise não são do mais puro capitalismo, então não sei o que é capitalismo. 


 A Praça Tiananmen a preparar-se para comemorar o 1 de Outubro, o dia da China.

Ainda há alguns apontamentos de ruralidade como este mas já menos que em 2003.
A entrada para a cidade proíbida, sob o olhar de Mao.
 O interior da Cidade Proíbida, a antiga casa do Imperador.
 Milhares de visitantes na Cidade Proíbida, sob o olhar de um dos seus zeladores.

Cu-cu! 
 Os milhares de visitantes e a dificuldade em ver o que quer que seja e em tirar fotos em que não apareçam milhares de pessoas. O turismo doméstico que tem aumentado exponencialmente é um dos sinais de que o crescimento da economia tem engrossado a classe média.
 A deambular por um Hutong, bairro típico de Pequim e quase em extinção pois as suas casas térreas são o prato favorito dos arranha-céus predadores.
 Nos Hutong, a vida tem outro ritmo. De fora fica o ruído, o trânsito e as multidões...
... tudo é mais barato...
 ...há mais tempo e autenticidade....
 ....e a rua é uma extensão da casa...
 ...onde as crianças ainda brincam.
 O cruzamento do antigo e do tradicional. A coca-cola versus os tradicionais yoghurts, que são fantásticos, ridiculamente baratos e com vasilhame reciclável. Vou claramente pelos segundos.
 O Hutong para mais tarde recordar. Vi vários casamentos, todos com um staff significativo quando se tratava da produção fotográfica.
 A cor predominante do Hutong é o cinzento das casas, ideal para as fotos a preto e branco.
Este parque está radicalmente diferente de 2003. Hoje são milhares os que se passeiam por aqui e o número de lojas e restaurantes triplicou.

 Este senhor soprava estes animais em caramelo...não percebi se isto era para comer ou para decorar...mas se é para comer, o facto de ele os soprar não me parece muito higiénico...




Mais um casamento e mais um staff de apoio fotográfico impressionante.
A vender papagaios nas alturas.
À espera de clientes ou como quem diz turistas gringos. Depois de andar kms e kms e mais kms nas ruas de Pequim, até eu me rendi a um.
 Pequim moderno, do néon e das lojas de luxo.
 Um templo de consumo do Pequim Moderno.
 O Templo do Céu.


A nova zona comercial, a imitar a Pequim dos Hutongs.

 O mercado nocturno, onde se pode comer iguarias do mais exótico (que há no quintal ou no mar) e comprar mais fancaria. O cheiro desta rua é indescritivelmente mau mas é onde os turistas cheios de moral impressionam os amigos a comer coisas como as que se seguem....
Espetadinhas de cavalo-marinho, larvas, estrelas do mar, besouros...you name it!
 E mais variedade...
 ...escorpiões...
 ...e mais besouros, centopeias e larvas...
...e eu juro que não toquei em nada disto...livra!
Algumas das poucas bicicletas que ainda circulam em Pequim.
Shaolin Show, ou como fazer coisas extraordinárias em palco... só faltou mesmo voarem.


 A vista para o Parque Olímpico e em especial para a piscina olímpica (The Cube).
 Dentro do The Cube. Por dentro, na parte das piscinas abertas ao público, os danos são já significativos não sei se por sobreuso ou pela má qualidade dos materiais. E pensar que só passaram 4 anos...
 A piscina olímpica.
 O estádio Olímpico (Bird´s nest) cuja arquitectura é impressionante.
 O interior do estádio.
 Sweet...
 No parque Olímpico.

 Relva sorridente...
A cadeia de fast food com a imagem de Bruce Lee...o nome da cadeia não sei porque estava só em Chinês...
O metro em hora de ponto (estas fotos mais manhosas foram tiradas com a minha máquina manhosa).
 E a visita ao Zoo de Pequim para ver os Pandas :-)
Não deve haver animal mais lento e deprimido que o Panda, e estes exemplares do Zoo de Pequim são um bom exemplo disso. O facto de estarem enjaulados também não deve ajudar...
 E o tigre branco, que também há no Zoo de Lisboa.

 Uma das partes mais agradáveis do Zoo. Este ainda não é daqueles zoos muito integrado com a natureza, ou seja a presença das jaulas é ainda forte e os animais parecem infelizes. Lembra-me o nosso Zoo nos anos 80. E infelizmente, tal como nos nossos anos 80, há ainda muitos Chineses a alimentar indevidamente os animais no Zoo. 
 A conversar com a águia ah ah ah. 
 E mais uma vista do Zoo.

Para saber mais sobre a China...
Para ver:
Apesar de não gostar muito do filme, porque não faz sentido este ser falado em Inglês (mas é dos anos 80 e desculpa-se) pois gera incoerências como o actor que faz de Imperador aos 4 anos falar melhor Inglês que o que faz aos 8...Tirando isso, é um bom apanhado da história recente da China em apenas 2h.




Para ler:
Cisnes Selvagens é a estória de 3 gerações de mulheres desde a avó, da China Imperial, à mãe da China Comunista e chegando à neta, a autora do livro. Três mulheres que através da sua vida contam a História da China do Séx. XX. O tamanho do livro intimida mas a estória é cativante e lê-se de um só fôlego.






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