sábado, 7 de abril de 2012

Cracóvia, uma história sofrida

Polónia.
Cracóvia.


Sete horas e meia depois de Bratislava, divididas entre 3 comboios (outra vez do modelo uh uh, pouca terra pouca terra) com transbordo em Břeclav (Rep. Checa) e Katowice (Polónia), chego finalmente a Cracóvia.

A história de Cracóvia é um reflexo da história da própria Polónia marcada por invasões violentas de vizinhos poderosos. Foi invadida pelos Mongóis várias vezes, foi capital do reino Polaco-Lituano, fez parte da Liga Hanseática, foi invadida pelos Suecos (até pelos Suecos!!!) e perdeu importância para Varsóvia, passou pelas mãos da Rússia, Prússia e da Áustria até chegarem os Nazis e finalmente os Russos.

Da história mais recente foram muitas as baixas nas mãos dos Nazis e dos seus campos de concentração, primeiro de intelectuais polacos e depois de judeus. Esta situação deveu-se principalmente à posição geográfica da Polónia e em especial da zona de Cracóvia, que era bastante central para recolher os "indesejados" pelos nazis dos países circundantes, e longe o suficiente dos países que poderiam causar mais transtorno como França e Inglaterra. Foi das poucas cidades Polacas que sobreviveu miraculosamente quase intacta à 2ªGM. Depois vieram os Russos com a sua repressão intelectual e miséria. Mais recentemente, Cracóvia é associada a um dos seus cidadãos mais conhecidos internacionalmente, o Papa João Paulo II, o primeiro Papa não italiano em 455 anos. 

Assim é Cracóvia, uma cidade bonita com uma história para contar (e recordar).


O castelo que fica na colina de Wavel, o ponto mais alto da cidade.
O pátio do castelo
A Catedral, onde estão os túmulos de vários reis e onde se pode subir à torre. Na torre, para além de se ver 3 sinos gigantes pode-se também ter uma visão geral da cidade (mais interessante que os sinos, digo eu).
Uma maquete da área do castelo.


O mercado na praça principal
O interior do mercado.
A praça principal preparada para a Páscoa.
Praça principal, com uma das 48 igrejas de Cracóvia. Esta é a igreja de Santa Maria Virgem, para mim uma das mais bonitas. Se bem que ao fim de ver umas 10 igrejas todas elas lindas, confesso que fico imune à beleza de todas as outras que se seguem. 
                                                          Outra perspectiva da praça principal...
...e ainda outra perspectiva da praça principal.
                                                         Rua Florianska, uma das ruas principais.
A porta de São Florián, que abre para a Rua Florianska.


O mercado onde tudo é mais barato. É impressionante o número de idosos que às portas do mercado vende objectos pessoais para arrendondar a reforma. E quando digo objectos pessoais é um par de sapatos ou um fato melhorzinho...a outra face de uma economia em expansão.
O Barbakan
O meu hotel, que para além disso era um dos edifício mais giros de Cracóvia...era um bocado difícil encontrar os quartos dado estes estarem distribuídos internamente por 4 edifícios mas é good value for money e muito central. E aparentemente um dos melhores restaurantes da cidade. Confesso que para mim só o pequeno almoço é que era demasiado Polaco para o meu gosto pois não gosto de começar o dia a comer comida pesada, como salsichas, enchidos, etc.
A cidade vista da torra da catedral.
A vista do Castelo para o rio Vístula. O cenário ideal para os locals lagartarem nos fins-de-semana.
O dragão, o símbolo da cidade de Cracóvia. A estátua expele fogo de 5 em 5 minutos... 
A igreja dos santos Pedro e Paulo, outra das mais bonitas.
As casas coloridas de Cracóvia...

No bairro judeu de Kazimirz, um bairro que se desenvolveu desde o séc. XIV junto a Cracóvia.  Neste antigo mercado, era vendido e executado o gado segundo as tradições judaicas. Agora, tem diariamente um mercado de coisas em segunda mão e um dos botecos mais famosos pelas suas sandes com tudo e mais alguma coisa, a preços simpáticos ( a fila para estas sandes era impressionante).
Lojas judaicas em Kazimirz. Os números são chocantes, no início da 2ªGM, existiam cerca de 65.000 judeus, hoje a comunidade não passa dos 150. A maior parte morreu nos campos de concentração das proximidades e os restantes não voltaram.

Quando os nazis chegaram a Cracóvia, acharam que os judeus deveriam sair de Kazimirz e ir ainda mais para fora da cidade, para aquilo a que chamaram de ghetto. Desta forma cerca de 15.000 judeus mudaram-se para um bairro previamente habitada por 3.000 pessoas, numa área que consistia em 30 ruas e 320 edifícios (era um apartmento para cerca de 4 famílias e muitos viviam na rua).

Era desta praça (Zgody) do ghetto que milhares de judeus foram deportados para os vários campos de concentração/extermínio como  Płaszów e Auschwitz. Para homenagear estas vítimas, nesta praça do ghetto, estão espalhadas algumas dezenas de cadeiras. As cadeiras prendem-se com o facto de os judeus quando foram forçados a mudar-se para os ghettos levaram os seus objectos pessoais todos como cadeiras, por exemplo. 
Na fábrica de Oskar Schindler, no ghetto judaico. Schindler tal como Aristides de Sousa Mendes não teve o reconhecimento no seu devido tempo, acabando também na miséria e a ser ajudado por organizações judaicas para conseguir sobreviver.
O edifício da fábrica. As fotos que estão no vidro são as das pessoas salvas por Schindler, os seus  empregados cuja liberdade pagou do seu bolso.  
O muro que delimitava o ghetto, à semelhança de um túmulo judeu. Um condicionamento psicológico extremamente maquiavélico. O realizador Roman Polanski foi um dos que conseguiu fugir do ghetto.
A única ponte que escapou à 2ª GM.
A maravilhosa cozinha Polaca...embora não muito light e bastante carnívora.

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