domingo, 8 de abril de 2012

Auschwitz/Birkenau: a visão do inferno

Polónia.
Oświęcim/ Brzezinka.

A cerca de 50 km de Cracóvia, ficam os campos de concentração/extermínio rebaptizados pelos Alemães de Auschwitz/Birkenau, um dos sítios mais intensos e arrepiantes onde alguma vez estive. Nada comparado nem em tamanho nem em perversão com o campo de concentração de Neuengamme (Alemanha) onde já tinha estado.   

O complexo de Auschwitz foi o maior de todos os campos de concentração/extermínio e consiste em 3 campos:  Auschwitz  I (campo base),  Auschwitz II Birkenau (campo de extermínio) e  Auschwitz III Monowitz (campo de trabalho) e mais outros 45 campos satélites. A dimensão é avassaladora pois não se consegue abarcar com a vista o fim do campo.

Em Janeiro de 1942, saiu da conferência de Berlim, a decisão para aquilo que os nazis chamavam a "solução final para a questão judaica". Para resolver esta questão, os nazis fizeram estimativas por país de quantos judeus existiriam na Europa na altura e chegaram a um número total de 11 milhões (cerca de 3.000 em Portugal). Dado o elevado número estimado, os nazis começaram a pensar num forma rápida de aniquilação em massa. A solução encontrada foram campos como Auschwitz/Birkenau. Estima-se que neste campo tenham morrido cerca de 1,3milhões de pessoas das quais 90% eram de origem Judaica. Os outros 10% eram constituídos maioritariamente por Polacos, Ciganos, Húngaros e Russos (prisioneiros de guerra). 

Devido às péssimas condições de vida nos campos, à fome, às doenças e às experiências médicas realizadas, a média de vida dos prisioneiros era de 2 meses.

A entrada para Auschwitz  I (campo base) com a célebre frase do "Trabalho torna-te livre" (Arbeit macht frei)...é impossível pensar em frase mais infeliz. Junto ao portão de entrada, encontrava-se sempre uma banda constituída por prisioneiros que tocava marchas alemãs, incutindo uma cadência no passo dos prisioneiros que facilitava o trabalho de contagem dos prisioneiros, quando estes saíam de manhã e quando regressavam à noite.
O aspecto geral do campo.



O campo de Auschwitz  II/ Birkenau, o mais mortífero de todos. Os prisioneiros chegavam de comboio e ao sair do comboio, eram avaliados em 2 segundos, ainda na plataforma, por um médico que os mandavam directamente para a câmara de gás, caso não fossem aptos para trabalhar (caso de crianças, idosos, doentes e grávidas) ou os mandava para os campos de trabalho.
A dimensão avassaladora do campo que é a perder de vista....
Uma carruagem a lembrar como era feito, o desembarque e a escolha automática dos que viviam (um pouco mais) e dos que morriam logo.
Os destroços deixados na tentativa de eliminar as provas da existência das câmaras de gás e dos fornos crematórios.
Embora iguais, de um lado do campo as casas são de tijolo e do outro são de madeira.
As instalações dos prisioneiros, rudimentares e sempre sobrelotadas.
Os sanitários que os prisioneiros tinham o direito de usar apenas 2 vezes por dia, de manhã e à noite.
As instalações dos prisioneiros das casas de madeira, muitas eram adaptações de estábulos.
As instalações de madeira a perder de vista.
O desespero era tanto que alguns prisioneiros suicidavam-se indo de encontro à cerca electrificada.

Só tirei fotos aos exteriores e interiores das instalações que atestam a miséria humana e moral do maior cemitério onde já estive. Por pudor, fui incapaz de tirar fotos aos objectos pessoais dos prisioneiros, como se tudo o que estivesse ali já tivesse sido devassado o suficiente para ainda ficar registado em fotos. Esses objectos são as memórias dos que por ali passaram e devem ser resguardados e respeitados. Não tirei fotos sequer às câmaras de gás e fornos crematórios pois acho que nunca conseguiria olhar para essas fotos. Fiquei chocada, quando um grupo que assumo de extrema direita, tirava fotos em frente aos fornos crematórios...quem no seu perfeito juízo quer uma foto em frente a um forno crematório???? 

Apesar de Auschwitz ser uma lição arrepiante e uma história que nunca mais se deve repetir, infelizmente mais casos semelhantes têm vindo a ser encontrados em outras situações de guerra pelo mundo. E até na Europa voltou a repetir-se.



Nenhum comentário:

Postar um comentário