Cracóvia.
Sete horas e meia depois de Bratislava, divididas entre 3 comboios (outra vez do modelo uh uh, pouca terra pouca terra) com transbordo em Břeclav (Rep. Checa) e Katowice (Polónia), chego finalmente a Cracóvia.
A história de Cracóvia é um reflexo da história da própria Polónia marcada por invasões violentas de vizinhos poderosos. Foi invadida pelos Mongóis várias vezes, foi capital do reino Polaco-Lituano, fez parte da Liga Hanseática, foi invadida pelos Suecos (até pelos Suecos!!!) e perdeu importância para Varsóvia, passou pelas mãos da Rússia, Prússia e da Áustria até chegarem os Nazis e finalmente os Russos.
Da história mais recente foram muitas as baixas nas mãos dos Nazis e dos seus campos de concentração, primeiro de intelectuais polacos e depois de judeus. Esta situação deveu-se principalmente à posição geográfica da Polónia e em especial da zona de Cracóvia, que era bastante central para recolher os "indesejados" pelos nazis dos países circundantes, e longe o suficiente dos países que poderiam causar mais transtorno como França e Inglaterra. Foi das poucas cidades Polacas que sobreviveu miraculosamente quase intacta à 2ªGM. Depois vieram os Russos com a sua repressão intelectual e miséria. Mais recentemente, Cracóvia é associada a um dos seus cidadãos mais conhecidos internacionalmente, o Papa João Paulo II, o primeiro Papa não italiano em 455 anos.
Assim é Cracóvia, uma cidade bonita com uma história para contar (e recordar).
O castelo que fica na colina de Wavel, o ponto mais alto da cidade.
O pátio do castelo
A Catedral, onde estão os túmulos de vários reis e onde se pode subir à torre. Na torre, para além de se ver 3 sinos gigantes pode-se também ter uma visão geral da cidade (mais interessante que os sinos, digo eu).
Uma maquete da área do castelo.
O mercado na praça principal
O interior do mercado.
A praça principal preparada para a Páscoa.
Praça principal, com uma das 48 igrejas de Cracóvia. Esta é a igreja de Santa Maria Virgem, para mim uma das mais bonitas. Se bem que ao fim de ver umas 10 igrejas todas elas lindas, confesso que fico imune à beleza de todas as outras que se seguem.
Outra perspectiva da praça principal......e ainda outra perspectiva da praça principal.
Rua Florianska, uma das ruas principais.A porta de São Florián, que abre para a Rua Florianska.
O mercado onde tudo é mais barato. É impressionante o número de idosos que às portas do mercado vende objectos pessoais para arrendondar a reforma. E quando digo objectos pessoais é um par de sapatos ou um fato melhorzinho...a outra face de uma economia em expansão.
O Barbakan
O meu hotel, que para além disso era um dos edifício mais giros de Cracóvia...era um bocado difícil encontrar os quartos dado estes estarem distribuídos internamente por 4 edifícios mas é good value for money e muito central. E aparentemente um dos melhores restaurantes da cidade. Confesso que para mim só o pequeno almoço é que era demasiado Polaco para o meu gosto pois não gosto de começar o dia a comer comida pesada, como salsichas, enchidos, etc.
A cidade vista da torra da catedral.
A vista do Castelo para o rio Vístula. O cenário ideal para os locals lagartarem nos fins-de-semana.
O dragão, o símbolo da cidade de Cracóvia. A estátua expele fogo de 5 em 5 minutos...
A igreja dos santos Pedro e Paulo, outra das mais bonitas.
As casas coloridas de Cracóvia...
No bairro judeu de Kazimirz, um bairro que se desenvolveu desde o séc. XIV junto a Cracóvia. Neste antigo mercado, era vendido e executado o gado segundo as tradições judaicas. Agora, tem diariamente um mercado de coisas em segunda mão e um dos botecos mais famosos pelas suas sandes com tudo e mais alguma coisa, a preços simpáticos ( a fila para estas sandes era impressionante).
Lojas judaicas em Kazimirz. Os números são chocantes, no início da 2ªGM, existiam cerca de 65.000 judeus, hoje a comunidade não passa dos 150. A maior parte morreu nos campos de concentração das proximidades e os restantes não voltaram.
Quando os nazis chegaram a Cracóvia, acharam que os judeus deveriam sair de Kazimirz e ir ainda mais para fora da cidade, para aquilo a que chamaram de ghetto. Desta forma cerca de 15.000 judeus mudaram-se para um bairro previamente habitada por 3.000 pessoas, numa área que consistia em 30 ruas e 320 edifícios (era um apartmento para cerca de 4 famílias e muitos viviam na rua).
Era desta praça (Zgody) do ghetto que milhares de judeus foram deportados para os vários campos de concentração/extermínio como Płaszów e Auschwitz. Para homenagear estas vítimas, nesta praça do ghetto, estão espalhadas algumas dezenas de cadeiras. As cadeiras prendem-se com o facto de os judeus quando foram forçados a mudar-se para os ghettos levaram os seus objectos pessoais todos como cadeiras, por exemplo.
Na fábrica de Oskar Schindler, no ghetto judaico. Schindler tal como Aristides de Sousa Mendes não teve o reconhecimento no seu devido tempo, acabando também na miséria e a ser ajudado por organizações judaicas para conseguir sobreviver.
O edifício da fábrica. As fotos que estão no vidro são as das pessoas salvas por Schindler, os seus empregados cuja liberdade pagou do seu bolso.
O muro que delimitava o ghetto, à semelhança de um túmulo judeu. Um condicionamento psicológico extremamente maquiavélico. O realizador Roman Polanski foi um dos que conseguiu fugir do ghetto.
A única ponte que escapou à 2ª GM.
A maravilhosa cozinha Polaca...embora não muito light e bastante carnívora.
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