domingo, 17 de junho de 2012

Helsínquia, a cidade que começa e termina na água

Finlândia.
Helsínquia.


Aterrámos em Helsínquia e apanhámos um autocarro para o centro da cidade que ainda fica um pouco longe. A meio caminho, no meio do nada, há um grito da parte detrás do autocarro a chamar por um médico. O autocarro pára e chamam uma ambulância enquanto o homem é assistido por um médico a bordo. Aparentemente, o homem em questão tinha tido um ataque de epilepsia, condição que ainda não lhe tinha sido diagnosticada. Esperámos pela ambulância apinhados no autocarro e com o homem já estendido no chão da paragem. Chega a ambulância e a voltamos a seguir viagem já sem o senhor.

Não fiquei muito impressionada com Helsínquia apesar de até ter estado calor o que ajuda a dissipar mais o ar melancólico e austero da cidade. No Inverno, andar nesta cidade com frio e nuvens deve ser de cortar os pulsos... Acho os Finlandeses das criatura mais estranhas que conheço. Tenho inclusive amigos Finlandeses de quem gosto bastante mas que sempre pareceram exalar uma tristeza que vinha de muito de dentro. Em Helsínquia confirmei essa minha percepção com as pessoas com quem me cruzei. Adicionalmente, saltou-me à vista o número fora do comum  de jovens góticos/metaleiros, gente pálida (o que não é difícil) que se veste de preto e cuja minha imaginação galopante me leva logo a pensar em sacrifício de galinhas numa qualquer  floresta da Finlândia.
Será da falta de sol? Será por serem uma jovem nação que foi oprimida por outras (Suécia e Rússia)  durante muito tempo? Não sei qual será a resposta mas para mim os Finlandeses debaixo da cortesia e da cara fechada são um mistério.
  
Helsínquia é uma cidade pequena que facilmente se faz a pé mas onde também facilmente se apanha um eléctrico para nos deslocarmos. A presença da água é uma constante que alivia a austeridade das linhas rígidas dos edifícios de inspiração soviética. Talvez seja essa dureza de linhas que faça com que Helsínquia não seja uma cidade para o meu coração habituado à suavidade e doçura de outras cidades. Há também outro pormenor que é o custo de vida que é assustador para quem como eu vem do sul da Europa. Pelo meio fica uma cidade com lojas de design muito giras e com espaços de lazer bem conseguidos à beira da água. Em Helsínquia tudo começa e termina na água.



O porto de Helsínquia que ficava mesmo perto do nosso hotel (e eu que adoro portos e gruas!). Por detrás, do lado direito, fica o terminal do ferry para Tallin (Estónia). 
Ainda no porto.
 Os mercados em segunda-mão, tão apreciados nos países do norte da Europa.
Camisas entrelaçadas fazem a arte na rua.
A rua das compras, se bem que com os preços altos de Helsínquia não houve grandes compras a fazer.
O nome das ruas sempre em Finlandês e em Sueco.

Praça do Senado com a Catedral em fundo.
Pormenor da catedral de Helsínquia (de religião luterana).
Praça do Senado vista da Catedral (com a minha lente fish-eye)
O amor em Helsínquia :-)
A zona ribeirinha que dá para a Praça do Mercado.
Catedral ortodoxa Uspenski
Vista da catedral ortodoxa Uspenski para a marina
E mais uma ponte e mais umas resmas de cadeados do amor...

Pormenor de um edifício.
A marina.
A reciclagem que é levada muito a sério com estes 8 diferentes tipos de caixotes recolectores.
No centro da cidade
A zona moderna dos restaurantes (perto da estação central).
Igreja Temppeliaukio que está escavada dentro deste monte de pedra. Na imagem vê-se a cúpula por onde entra a luz nesta igreja subterrânea.
Girafas à conversa na varanda do museu (penso que era o museu de história natural).
A estação central que é gira. Os candeeiros/candelabros no interior da estação são dignos de registo bem como o painel de chegadas/partidas que tinha os destinos mais impronunciáveis, com palavras  que nunca mais acabam e cheias de vogais.  
Pormenor dos candeeiros da fachada da estação central.
No centro e com as ruas dominadas pelos eléctricos.
E mais um exemplo da falta de doçura da cidade...homens nus com martelos...




sexta-feira, 15 de junho de 2012

Livro da semana: As três vidas

As três vidas 
João Tordo
Prémio Saramago em 2009


Mais um livro de João Tordo acabado de ler e mais uma boa surpresa deste autor. 
Gosto do facto de ele narrar sempre na primeira pessoa, fazendo com que os livros funcionem quase sempre como uma confissão, o que imprime proximidade e empatia com a personagem principal/narrador. Gosto do facto de não haver "tempos mortos" na narrativa empurrando o leitor para uma leitura sôfrega com o objectivo de perceber para onde vai avançar a estória. Gosto das estórias saltitarem entre vários países/ambientes com a mesma verosimilidade com que decorrem em Portugal, transportando o leitor para esses espaços físicos e temporais. E gosto muito das sempre densas, misteriosas e atormentadas personagens que o autor encaixa em factos históricos e faz reflectirem sobre tudo na vida. 

Só não percebi por que é que há uma personagem com o mesmo nome neste livro e no Bom Inverno (sendo que ela morre neste livro que saiu primeiro)? 



Sinopse:

Quem é António Augusto Millhouse Pascal? Que segredos rodeiam a vida deste homem de idade, que se esconde do mundo num casarão de província, acompanhado de três netos insolentes, um jardineiro soturno e uma lista de clientes tão abastados e vividos, como perigosos e loucos? São estes os mistérios que o narrador, um rapaz de uma família modesta, vai procurar desvendar não podendo adivinhar que o emprego que lhe é oferecido por Millhouse Pascal se irá transformar numa obsessão que acabará por consumir a sua própria vida. Passando pelo Alentejo, por Lisboa e por Nova Iorque em plenos anos oitenta - época de todas as ganâncias - e, desvendando o passado turbulento do seu patrão - na Guerra Civil Espanhola e na Segunda Guerra Mundial -, As Três Vidas é uma viagem de autodescoberta através do «outro». Cruzando a história sangrenta do século XX com a história destas personagens, este romance é também sobre a paixão do narrador por Camila, a neta mais velha de Millhouse Pascal, e sobre a procura pelo destino secreto que a aguarda; que estará, tal como o do seu avô, inexoravelmente ligado ao destino de um mundo que ameaça, a qualquer momento, resvalar da estreita corda bamba sobre a qual ela se sustém.  





sexta-feira, 8 de junho de 2012

Teatro em dose dupla!

“Vamos lá Perceber as Mulheres… Mas só um bocadinho!” com Marta Gautier 
Cinema S. Jorge (às segundas) e Teatro Confluência em Cascais


Fui ver esta peça no cinema S. Jorge e fartei-me de rir ao rever-me em algumas situações. Isto de ser mulher não é fácil e a Marta como psicóloga faz um bom apanhado da condição feminina com as nossas inseguranças, desafios e estados de alma que muitas vezes são mais instáveis que uma montanha russa. Para actriz amadora, a Marta demonstra um à-vontade em palco assinalável e uma grande facilidade de interpretação do seu próprio texto. Para mim grita só um bocadinho demais....mas deve ser da adrenalina da representação! Aconselhável a outras mulheres para se rirem de si próprias e aos homens para tal como a peça indica "conhecerem um bocadinho mais as mulheres".


Aqui vai a sinopse da peça:

Ser mulher não é um mistério. Ser mulher é uma sucessão interminável de questões. Mãe, esposa, bonita, simpática? Descubra algumas respostas na primeira pessoa. Porque choram e porque riem. Ou, por exemplo, como se despem à frente umas das outras? Como são em adolescentes? E ser mãe, é assim uma alegria tão grande? E o que precisam fazer mais para os homens perceberem que não podem dizer frases como: "Relaxa querida" ou "Estás mais calma?" Ser mulher é apenas ser mulher e pelo menos desta vez é divertido.


Os 39 degraus
Teatro Villaret

Motivada pelo sucesso e boa crítica da peça em Londres fui ver a versão portuguesa d´ "Os 39 degraus", um remake do filme de Hitchcock em versão teatral. A trama é interessante mas há sobretudo que destacar o brilhante trabalho de actores, já que esta peça é acima de tudo uma comédia visual. Os cenários são construídos pelos próprios actores que devem chegar ao fim da peça seguramente esgotados físicamente, em especial o Rui Melo e o João Didelet.
A peça voltou ao Villaret depois de andar a percorrer o país e creio que este regresso se deve ao seu sucesso. Para quem estiver interessado em ver a peça a preços convidativos basta dar uma vista de olhos nos sites de compras colectivas onde facilmente se encontram bilhetes com 50% de desconto (fica a 7,5€).


Aqui vai a sinopse:

Quando um ilustre e bem parecido gentleman inglês é procurado por um crime que não cometeu e se vê enredado numa teia de espiões, isto significa que estamos perante "Os 39 Degraus".
Adaptado do clássico de Hitchcock, "Os 39 Degraus" leva ao palco Joaquim Horta, Vera Kolodzig, Rui Melo e João Didelet, quatro corajosos actores que, sozinhos, desempenham mais de 100 personagens, num dos mais brilhantes espectáculos da Broadway e de West End.


Richard Hannay (Joaquim Horta) é um elegante inglês que, entediado pelo quotidiano em que a sua vida tinha mergulhado, decide ir ver um espectáculo ao West End. Lá encontra Anabela Schmidt (uma das personagens interpretadas por Vera Kolodzig), uma mulher que tem tanto de bela como de perigosa, que lhe confidencia estar a ser perseguida e lhe pede abrigo. Este é o mote inicial da história e, a partir daqui, "Os 39 Degraus" desenvolve a uma cadência elevadíssima, cheia de encontros inesperados, fugas de comboio, disfarces inusitados, numa narrativa de enganos que nos leva ao início do século e à actividade secreta de espiões e intriga palaciana.

João Didelet e Rui Melo compõem o restante elenco e sozinhos interpretam a maioria dos papéis.
O resultado é uma comédia genial a alta velocidade que tem intriga, espionagem, aventura, heróis, vilões, romance e muitas gargalhadas.















quinta-feira, 7 de junho de 2012

Uruguai, Colónia do Santíssimo Sacramento

Uruguai.
Colonia del Sacramento.

Esta cidade que fica a 1h de ferry boat de Buenos Aires foi fundada no séc XVII por portugueses e denominada de Colónia do Santíssimo Sacramento. O fundador, Manoel Lobo, na altura o governador do Rio de Janeiro, tinha o objectivo de estender o território brasileiro até ao Rio de la Plata para facilmente conseguir fazer contrabando para Buenos Aires. Logicamente a coroa espanhola não achou graça à ideia e desta forma esta fortificação passou os anos seguintes a ser palco de ataques e a passar das mãos portuguesas para espanholas e vice-versa. 

A fortificação voltou à posse de Portugal a partir de 1817, quando D. João VI incorporou toda a região do atual Uruguai aos domínios de Portugal, no actual Brasil. Com a Independência do Brasil em 1822, a Colónia passou a integrar os domínios do novo país até à Independência da República Oriental do Uruguai, em 1828.

Em 1995 foi considerada património da Unesco e desde aí os turistas dispararam nas visitas a esta pacata fortificação e praias circundantes. Vale a pena a visita, até porque facilmente se vai de manhã e se regressa à noite a Buenos Aires. E se puderem vão no ferry boat bom porque eu escolhi o mais barato...e pelo que constatei não havia coletes salva-vidas para todos...MEDO!





À entrada da fortaleza. O escudo português tinha sido roubado pelos argentinos e só há uns anos foi devolvido a pedido do Uruguai. 
A calle de los suspiros que era a rua das prostitutas...e os candeeiros típicos a lembrarem a fundação portuguesa da cidade.

Vista da Calle de los suspiros.
Uma das praças principais.
Na placa castanha diz que a casa é do séc XVIII e que foi recuperada pela Fundação Gulbenkian. Há um museu português interessante de se visitar com a história da fundação da cidade e detalhes da presença portuguesa no território uruguaio.
Mais um dos canhões portugueses espalhados por esse mundo fora...
Os automóveis nesta cidade quase que ainda são do tempo dos portugueses....
Chivito, prato tradicional do Uruguai, uma sandes com tudo (o que é calórico)! 
Basílica do Santíssimo Sacramento 
A outra praça onde estão as escavações que mostram as fundações de uma outra casa portuguesa (penso que seria a do governador).
As escavações e panorâmica de uma das rua típicas, empedrada e ladeada de árvores.
As casas térreas de Colónia do Sacramento

Ruínas do Convento de S. Francisco Xavier e Farol. Um convento franciscano foi construído entre 1683 e 1704 , dedicado a S. Francisco Xavier. Sofreu um incêndio no final do século XVIII em que foi parcialmente destruído. Em 1857 foi levantado nas ruínas do convento um farol que ainda funciona e pode ser visitado por turistas (fonte wikipedia).

Colónia virada para o rio de la Plata




Belo vaso....
Outro potencial vaso....